domingo, 22 de março de 2015

Matéria no Jornal O Lince set/out de 2014 sobre a entrevista realizada por Carlos Abranches no Vanguarda Comunidade.





Matéria não:  http://www.jornalolince.com.br/


Coluna Crônica Jornal de Caçapava: O Irmão do Filho Pródigo.



(Jornal de Caçapava, 13 de fevereiro de 2015.)



É muito conhecida a parábola do Filho Pródigo em que Jesus ensina aos seus ouvintes, como era seu costume, a perdoar e o valor da reconciliação verdadeira. É uma parábola muito bonita, mas eu tenho o meu pecado: sinto pena do irmão do Filho Pródigo, sempre tive.
Desde a primeira vez que escutei essa história, me comovi pela aparente solidão desse irmão. Não, eu não estou questionando a parábola, nem o autor, que Mestre, chegava ao coração dos seus ouvintes humildes e seguidores pela simplicidade das palavras, daquilo que lhes era comum. Que seria de nós sem a vivência do perdão e da reconciliação? Como é importante sentirmos que maior que nossos erros devem ser: a força do nosso arrependimento, a nossa vontade de reconstruir nossa história e desejar profundamente a reconstrução da história do próximo.
Sim, sinto uma comoção pelo irmão do Filho Pródigo. Retirando toda a pedagogia dessa parábola, esquecendo que esse pai é o Senhor e que o Filho Pródigo representa cada um de nós que, mesmo com os erros cometidos, pode retornar e se arrepender sinceramente, e , recomeçar... Pensando apenas em nossa frágil humanidade em aprendizado, lamento pelo irmão que fica. O irmão que julgamos invejoso da atenção que o pai dá ao que retorna caído.
Mas esse irmão não tem um papel profundamente solitário? Que pai é esse que não conhece seu filho que fica? Não percebe que apesar de ele estar presente, trabalhando, obedecendo, não se sente pertencente, não se sente dono a ponto de não pedir o banquete e convidar os amigos para celebrar? Estou falando de nós. Nós que muitas vezes nos ocupamos de cuidar dos filhos com os quais nos preocupamos mais. Parece óbvio para os pais que assim seja, mas será que é bom achar que os bons filhos sabem? Que por serem bons não precisam das palavras que evidenciem isso? Será que não é preciso deixar claro que eles, os filhos que não precisam do nosso perdão, da nossa angustiada preocupação, também são tão amados?
Existem pessoas que são mais zelosas com familiares e amigos que necessitam da sua ajuda, não conseguem ser atentas, amigas daqueles que não necessitam delas. É curioso, conheço muitas pessoas assim, é quase patológico. Parece-me que diante da desgraça, fragilidade, doença, preocupação do outro, elas se agigantam, são mais importantes. Conheço alguns pais que também se comportam assim. Assusta-me esse tipo de amizade e paternidade. É preciso atenção para distinguir o amor que nos acode nas necessidades do amor que precisa das nossas necessidades.
Se o pecado do Filho Pródigo foi a vida desregrada e o perdão do seu pai a cura por seu arrependimento, não será o pecado desse irmão apenas fruto da sua solidão? Na parábola o pai amoroso os traz, os dois, para si. Nós, mortais, podemos ser mais atentos também com os filhos que ficam...

Sônia Gabriel


Coluna Crônica Jornal de Caçapava: A generosidade dos adultos.



(Jornal de Caçapava, 06 de fevereiro de 2015.)


Numa dessas postagens em rede social, um vídeo comove por mostrar dois adultos, bailarinos, imitando a coreografia ingênua de uma criança ainda bem pequenina. Nos comentários, a professora Maria do Amparo Gama escreve sobre o que a tocou: a generosidade dos adultos em se adequarem à coreografia infantil. O vídeo é uma delicadeza, um momento de descontração. O comentário se tornou um sopro, um sussurrar que me fez pensar no quanto anda nos faltando generosidade para com as crianças. Não vou nem considerar o que todos já sabemos, vemos todos os dias exposto nos jornais, nas ruas, nas redes sociais, na televisão, nas vitrines. A exploração, sob tantos aspectos, daqueles que sequer podem entender ainda do que são alvos. Vou considerar apenas a falta de generosidade com a qual convivo e muitas vezes já me peguei fazendo parte.
Nós estamos esquecendo nossa importância na vida das crianças e adolescentes, estamos nos isentado da responsabilidade que temos para com eles. Estamos nos igualando a eles no descompromisso para com suas vidas e educação. Infelizmente os julgamos pelos atos que praticam sem considerar nossa parcela de responsabilidade. Tem se tornado muito comum os juízos de valores serem mais enfáticos que as considerações pedagógicas e psicológicas.
Nossas crianças e adolescentes estão cada vez mais indóceis, mais agressivas, mais desrespeitosas. Escutamos, presenciamos e somos vítimas de cada absurdo nas salas de aula que até na ficção seria extremado. Violência física, palavras desferidas como armas, palavrões, gestos, posturas inadequadas para qualquer ambiente, muito menos um ambiente educacional, nos desencantam, nos ofendem e nos desanimam. Até aqui nenhuma novidade para quem trabalha em muitas de nossas escolas. Esses relatos são exaustivamente repetidos pelos colegas educadores e mesmo aqueles que se calam em público, que mostram apenas o adequado da relação por receios óbvios de serem repreendidos, nas conversas de desabafos evidenciam toda a calamitosa situação.
A relação entre adultos e adolescentes sempre foi conflituosa, é um momento delicado, momento de transformações e construções internas em que a presença dos adultos seria essencial. Se não conseguimos nos fazer presentes e influenciadores no que consideramos importante para a vida em sociedade, como podemos condená-los por seus comportamentos que nos afrontam?
Questionamos que a mídia e o mercado não permitem às nossas crianças e adolescentes que sejam o que são; nos indignamos, mas diante das dificuldades de relacionamento dentro das famílias e das escolas, muitas vezes esquecemos que estamos trabalhando, convivendo e formando crianças e adolescentes. Por mais que eles se comportem como se não o fossem, nós os pais, educadores e preparados para o exercício da profissão não podemos esquecer do que realmente são.
Reflitamos.

Sônia Gabriel


Imagens do Encontro de Educadores: Palavras que moram em nós... 07/02/2015.


Quando nossa alma confraterniza o que a mente tanto trabalhou para fazer nascer... Obrigada a todos!





















Coluna Crônica Jornal de Caçapava: Que calor!




(Jornal de Caçapava, 23 de janeiro de 2015.)

Estamos sem assunto, em qualquer lugar, a qualquer momento, com qualquer pessoa só repetimos: “Que calor!”, minto? Outro dia, num restaurante, cumprimentei a atendente e antes de qualquer coisa, achamos graça, pois já sabíamos uma o que a outra diria, comentamos que estamos sem imaginação, mas bem observado pela gentil moça o calor é mesmo o protagonista do momento.
Por todo lado, as pessoas estão com os rostos abatidos, suando, evidentemente cansadas. É o preço pelo pouco cuidado com a natureza, sim, não há desculpas. Somos responsáveis pelo mal que nos fazemos. Enquanto acharmos que a responsabilidade é apenas dos que não reciclam o lixo; dos que usam carro como transporte; daqueles que desmatam e poluem as águas dos rios; das donas de casa atormentadas que jogam óleo no sanitário e lavam seus quintais e calçadas com mangueiras diabólicas; das criancinhas encapetadas que mascam chicletes e jogam pela rua possibilitando o encontro desses com sacolas plásticas, pneus e garrafas PET... Enquanto forem apenas os outros, não zelaremos por nossa casa maior.
Todos nos alimentamos, nos agasalhamos, nos transportamos (por um veículo ou outro), nos medicamos, nos agradamos com o supérfluo, enfim, contribuímos para que haja o desgaste do meio ambiente que nos hospeda. Nossa efêmera existência contribui de forma nada efêmera. Só com essa convicção profundamente enraizada, conseguiremos melhorar as condições naturais do planeta. É a nossa experiência de viver que precisa ser revista. Todos os nossos hábitos alteram a paisagem em menor ou maior grau. Será que estamos dispostos a sair do apontar os hábitos alheios e rever nossas posturas cotidianas, inclusive de consumo? Será que conseguiremos vislumbrar nosso futuro sem fartura de água e com energia a preço impensável? Pois é fato que em algumas regiões do Brasil, como o Nordeste, a vida já se adéqua à água possível há muito tempo; esta lição de casa nos atinge no Sudeste, alcançaremos as estrelinhas de tarefa bem feita?
Não adianta economizar água e intensificar o uso da energia elétrica que no Brasil está muito aquém de novas possibilidades; não que não tenhamos sol e vento a contento, mas faltam competência e vontade política de adequada gestão. Dessa seca que nos aflige com as constantes e aterrorizantes notícias do baixo nível das represas, nos jornais matutinos; que chegam à comédia de políticos e diretores de empresas e institutos tentarem nos convencer o contrário do que é óbvio: há racionamento, pois as torneiras não mentem; desses dias em que nossas pernas incham e nossa mente nubla pelo calor; que fique a lição mais importante: nada é inesgotável. Nada. Que sejamos mais sábios em nossa casa maior.

Sônia Gabriel


Coluna Crônica Jornal de Caçapava: Desejos para o novo ano.



(Jornal de Caçapava, 09 de janeiro de 2015.)









Coluna Crônica Jornal de Caçapava: Vivamos mais.



(Jornal de Caçapava, 12 de dezembro de 2014.)


Você já parou para contabilizar quanto tempo perde da sua vida? Parece loucura fazer esta pergunta, não é mesmo? Como saber algo assim? Se alguém já conseguiu fazer esse cálculo, me ensina. É eu também não sei, mas tenho nos últimos anos tentado não desperdiçar vida... Satisfeita, iniciando minhas tradicionais reflexões do final de ano, descubro que tenho conseguido. Ainda é pouco, mas tenho conseguido não ficar no mesmo lugar.
Desde que passei por uma gravidez de risco, consegui melhorar muita coisa em mim, um lapidar lento, às vezes doloroso, mas que no resultado concreto, cotidiano, inicia-se um vislumbrar do brilho da pedra. Somos pedra bruta, todos nós! Se não nos lapidamos não conseguimos ver que o outro também é matéria em processo de lapidação. Se nos mantemos brutos, olhamos apenas para a casca do próximo. O tempo utilizado em nossa própria lapidação é contabilizado como ganho que reluz; iluminação que traz para nossa alma leveza e serenidade para os enfrentamentos do cotidiano. Conviver com a escuridão é um sofrimento que tende a forçar a luz alheia a diminuir diante do nosso olhar acostumado com a penumbra. Sair em busca da luz não é fácil, há um preço. O preço de nos vermos também e nem sempre o que vemos é bom, nem sempre o que vemos em nós nos alegra.
Lutar contra tudo o que reforça a escuridão é uma decisão interna, tão íntima que ninguém pode fazer por nós. É uma decisão de amor, primeiramente por nós e ampliando-se por todos aqueles que fazem parte da nossa vida queiramos ou não. É muito bom amar os escolhidos do nosso coração, mas os outros não deixam de fazer parte das nossas vidas só por não serem os eleitos da nossa alma. Os outros estão na vizinhança, nos parentes, no trabalho, entre os amigos dos amigos, na vida... Os outros são memória de que somos os outros de outrem...
Não somos tão especiais que não possamos ver nossos outros, não somos tão desprezíveis que não possamos ser para os outros. Somos e vivemos. Mas parece que estamos desperdiçando vida. Respirar, levantar da cama, sair para trabalhar, fingir que vive não é viver. Viver é o eterno nos encontros diários que acontecem em nós. Nem sempre esses encontros são como desejamos, mas, não raro, são oportunidades muito maiores e melhores do que possamos imaginar e para isso o coração não pode ter porta tão amargamente trancada.
Numa rotina muito pesada, tendo que passar mais de duas horas por dia dirigindo numa cidade onde os motoristas estão a cada dia mais agressivos, diminuindo o tempo que poderia dedicar a mim para dedicar aos filhos, às tarefas domésticas e ao trabalho estava começando a me acostumar com reclamações e quando me dei conta disso decidi que essas duas horas teriam valor. Olhei para mim e notei o quanto sentirei falta quando meu filho, já em idade pré-vestibular, estiver desvendando outros lugares. Cada vez que a vontade de reclamar, de vitimizar, de aumentar o que já não está bom vem, eu olho no retrovisor e os vejo conversando, brincando, discutindo, sendo irmãos. Meu coração se acalma e uma doçura toma conta dessa criatura imperfeita. Muitas são as vezes que me vejo sorrindo só por saber que ao menos nesse momento eu não estou desperdiçando a vida.

Não conseguimos tudo que desejamos, não vivemos tudo que sonhamos, não somos tudo que achamos que merecemos ser, mas estamos vivos e queremos continuar vivos, então vivamos mais e deixemos viver!


Sônia Gabriel



quinta-feira, 5 de março de 2015

Nesta sexta-feira, dia 06 de março, venham viajar pelas narrativas das Fiandeiras da Palavra - Ventos Antigos.





O espetáculo Ventos Antigos foi criado a partir das crônicas do livro ‘Ventos Antigos’, da autora Sônia Gabriel. Observando o ciclo vida, morte e renascimento, o grupo Fiandeiras da Palavra construiu uma narrativa sedutora, enredada pelo encantamento das histórias, fiando e desfiando palavras e poesia, entrelaçando músicas e tecendo imagens que conduzem o espectador por memórias do cotidiano sob o ponto de vista feminino. 


Fiandeiras da Palavra - O grupo formado pelas arte-educadoras, atrizes e contadoras de histórias Cíntia Moreira, Flávia D’ávila e Cristiane Celly que também é musicista e assina a direção musical dos espetáculos, criou os espetáculos:

“Histórias que o Vento me Contou...”.
“A morte, a rosa, a cantiga – contos de amor sobre a força feminina”.
“Cantos e Contos da Mata”.
“Contos do Paraíba”.
“Ventos Antigos”...

Espetáculos apresentados nas cidades do Vale do Paraíba; São Paulo – Capital; durante o Simpósio Internacional de Contadores de Histórias no SESC de Copacabana, Rio de Janeiro - RJ; Gonçalves – MG, entre outras. O grupo realiza suas apresentações em Teatros e em espaços públicos e privados como: SESC, Fundações Culturais, Museus, Parques, Centros Culturais, Bibliotecas, Escolas Públicas e Privadas. 


Contatos:


quarta-feira, 4 de março de 2015

Espetáculo "Ventos Antigos", do grupo Fiandeiras da Palavra - convite.


Caros amigos, sexta-feira, venham viajar pelas narrativas do grupo Fiandeiras da Palavra.
Uma bela homenagem para as mulheres!
Vamos celebrar nossas histórias cotidianas, nossas verdades mais singelas e a poesia que habita em nós!
Venham!
Nos encontraremos lá!
Paz e bem!
Sônia Gabriel




Serviço:
Espetáculo Ventos Antigos
Museu de Antropologia do Vale do Paraíba
Rua XV de Novembro, 143, Jacareí - SP.
Data: 06/03/2015.
Horário: 20h00.