quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Coluna Crônica Jornal de Caçapava: Natais passados.


(Jornal de Caçapava, 20 de dezembro de 2013.)



Que eu me lembre nunca escrevi uma carta para Papai Noel. Não consigo me lembrar! Estou procurando em meus guardados infantis, mas até agora, nada encontrei. Será que fiz isso? E, se escrevi, o que será que eu pedi? Não, a lembrança não resolve se manifestar.
O velhinho simpático, de barba branca e roupa vermelha, não foi importante em minha infância, isto eu sei. Não o revelo como frustração. É que Natal na minha casa tinha como foco o nascimento de Jesus. Talvez a singeleza do lugar e a pobreza das famílias, favorecessem esse entendimento. A fartura não era constante, os presentes eram mais simbólicos e afetivos.
Minha mãe, muito religiosa, participava e nos levava junto, claro, das novenas preparando para o nascimento do Menino tão esperado. Cada noite, a reza era numa casa diferente, sempre com mesas preparadas para oferecer café, leite, chá, sucos, bolos, bolachas e, muito raramente, panetone.
Quando chegava a vez de nossa casa era uma grande alegria. Passávamos o dia limpando, varrendo o chão grosso de cimento e para que não levantasse pó salpicávamos água com as pontas dos dedos. Minha mãe fazia bolo, bolinhos e café. Eu gostava dos bolinhos salgados. Enfeitávamos as portas e paredes com os desenhos natalinos que fazíamos na escola.
De vez em quando, em algumas casas, tinha pipoca que algum homem estourava enquanto as mulheres puxavam o terço com cânticos e ladainhas ensaiadas. O cheiro da pipoca quente misturado ao som das vozes maternas enchia meu coração infantil de ternura e aconchego. Eu achava lindo quando elas cantavam.

Feliz Natal!
Sônia Gabriel



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