domingo, 30 de junho de 2013

Sob as lentes de Edna Medici



                Há alguns dias, fui ao encontro de Edna Medici, fotógrafa conhecida, renomada, mas que eu conhecia apenas pela internet. Encantada com suas imagens profissionais, artísticas, mesmo as mais cotidianas, marquei para conversarmos e fazermos algumas fotografias para o livro Tempos Antigos que estou finalizando. O livro está sendo organizado à três mãos: esta aprendiz de escriba sonha, Zenilda Lua seleciona e André Paulo exercita seu talento para o desenho. Está sendo um encontro de gerações, de saberes, de amores, de sonhos e buscas. Mas, ainda estaria reservado  um encontroQuando cheguei ao estúdio de Edna, fui recebida com um caloroso e aconchegante abraço. Abraço mesmo, de gente generosa, nada formal, não adestrado socialmente. Me senti tão à vontade em seu sofá, laureado por um tapete macio, a ponto de me convidar a tirar os sapatos vermelhos presenteados por minha mãe. Vermelho tem alimentado meus dias de labuta. Conversamos sobre meu trabalho, sobre gostos, sobre família, sobre amor, sobre fartura e sua antagonista. Apreciamos o delicioso café da Selma e deixamos a tarde cuidar de nós. Ela o fez. Tudo novo para mim, fiquei observando Edna conduzir equipamentos, luzes, tecidos e eu. Descobri uma Sônia em mim que talvez não tenha espaço na correria do dia-a-dia e nas infindáveis tarefas profissionais e domésticas.



              Diante  e atrás da câmera, consideramos muito de nossa condição de mulheres, conversamos como velhas amigas o fariam, analisamos os simbolismos de nossa condição feminina. Já em casa, me lembrei das prosas 'clínicas' sobre maturidade. Como diz Dr. Urbano Carvalho, a idade chega de qualquer forma, como a recebemos faz toda diferença em nossas vidas. A força que temos para aceitá-la, vivê-la com sabedoria e alegria é o combustível colecionado durante os dias, cada dia de nossas vidas. Creio nisso!






           Eu, quarentona, esposa do Paulo, mãe do André e da Bárbara, professora, pesquisadora e aprendiz de escriba, sou, acima de tudo, uma mulher que se respeita, respeita as marcas do tempo e tem alegria de viver, mesmo não sendo a vida nada fácil. Prosear sobre tudo isso com você, Edna Medici, foi muito especial. Momentos assim devemos celebrar em nossos corações, são alimento para as tardes que talvez venham e não sejam tão especiais. 




          As fotos aqui postadas não são as que fizemos para o livro (elas estão guardadíssimas). Quando terminou as fotografias para meu trabalho, a fotógrafa fez este registro. Estas são a marca da delicadeza e generosidade da fotógrafa.

Desejo de todo coração para você, Paz e Bem!
Convido-os, caros amigos, a se encantarem com o trabalho desta artista.
Sônia Gabriel



www.ednaperfeitamenteimperfeita.blogspot.com.br




Coluna Crônica Jornal de Caçapava: A lenda da borboleta - final


(Jornal de Caçapava, 14 de junho de 2013.)



    Escutou durante horas a borboleta contar das paisagens distantes, dos bichos que elas, as roseiras lindas, bem cuidadas, zeladas e protegidas, ignoravam. Eram tantos animais, tão diversos, tão antigos. Grandes, pequenos, selvagens, domesticados. Eram tantas plantas, muito mais flores que estas que ali se espreguiçavam. “Há mais flores que se possa contar, tão coloridas, tão perfumadas quanto vocês”, argumentou perplexa.

   A roseira sem espinhos, especialíssima, não conseguia acreditar que algo mais especial que ela pudesse existir. O jardineiro sentiu pena. Doeu-se por ela. A culpa tomou-lhe a alegria, tinha feito daquela roseira a mais importante, ela era fruto de sua vaidade, cresceu entendendo que era mais bela entre as belas e sequer supunha belezas além de si.

   A borboleta então indagou: “as abelhas nunca lhes contaram?”, as roseiras reclamaram que as pequeninas nunca paravam, apenas lhes sugavam das flores a essência e partiam, sempre agitadas, sempre trabalhando, nem um tempinho para conversar, nenhum carinho em retribuição. “Mas e os humanos?”, insistiu a borboleta. “Que nada, também não conversam conosco. Falam entre si, falam de nossa beleza, de nosso perfume, nos colhem, nos presenteiam, mas não falam conosco”, responderam as roseiras.

    O jardineiro, silencioso, pensou, coçou a barba adiantada com mãos calejadas pelos espinhos, escurecidas pelos estrumes, mas mesmo assim delicadas como a roseira lisa. Cavoucou por entre os fios grossos desalinhados e embranquecidos. Teve medo da ignorância que regava em seu jardim, naquele Vale Encantado. Levantou-se, não espantou mais uma borboleta, caminhou até a cerca, sossegado, com o tempo por companhia agradável foi tirando bambu por bambu, os ventos tão antigos tinham resistência a menos e abraçaram as roseiras com ou sem espinhos. Os bichos viriam também, viriam sim.

    O jardineiro agradeceu por suas roseiras, pelo inconformismo da borboleta e pela desistência dos bambus.



Sônia Gabriel


Blog sobre Ruth Guimarães e José Botelho Netto



Conheçam o blog Retratos e Crônicas:



Vida e obra da escritora  Ruth Guimarães e  do fotógrafo Botelho Netto.
Vocês vão se encantar...


Semana do Livro Nacional - São José dos Campos


Caros amigos, segue a programação da Semana do Livro Nacional.
Está muito bem organizada e valerá a pena prestigiar.
Participem!
Dia 27 de julho de 2013, sábado, venham para uma prosa comigo e se deleitarem com a contação de histórias de Cíntia Moreira e o grupo Fiandeiras da Palavra.

Até lá...
Paz e bem!
Sônia Gabriel




Algumas imagens...

Imagens: Fiandeiras da Palavra





Imagem: Wilson R.

A todos, obrigada!
Paz e bem!
Sônia Gabriel



Coluna Crônica Jornal de Caçapava: A lenda da borboleta.




(Jornal  de Caçapava, 07 de junho de 2013.)


     Era o jardim mais bonito do Vale Encantado. O jardineiro, muito atento, conhecia cada uma de suas roseiras. Ele amava apenas as roseiras. Em todo aquele reino verde, o colorido das roseiras era espetáculo impressionante. O cuidadoso jardineiro não permitia uma formiga que fosse. Não havia pragas e apenas as abelhas podiam entrar. O sábio tinha aprendido como fazer as mudas, como ajudá-las a crescerem fortes, como variar as cores. As flores que ali se abriam, em nenhum outro jardim existiam.


   Vinham visitantes de todos os outros vales, do mundo todo, pois o mundo é um encontro de vales, pensava o jardineiro. Uns mais longos, outros mais úmidos, outros mais verdes, sempre vales. Durante as visitas, o jardineiro estava sempre vigiando, nenhuma flor poderia sair dali, nenhum espinho atacado, e ela, a roseira branca no centro do jardim, nem ao menos deveria ser tocada. A roseira branca não tinha espinhos, nenhum sequer, precisava de proteção. Era a preferida do jardineiro que lhe dedicava mais tempo e cuidados. Todas as roseiras do jardim a admiravam.

   Naquele dia, depois que todas as visitas se foram, o jardineiro exausto de tanto vigiar suas roseiras, sentou-se no gramado e relaxou. Foi então que viu, mesmo distante, uma borboleta. Ela deslizou seu voo pelo jardim, passou de roseira em roseira, seguida pelo curioso jardineiro. As asas coloridas foram driblando galhos, rosas amarelas, vermelhas, negras, azuis... Até que, diante da roseira mais alta do jardim, a branca, pousou.

  Todas as outras roseiras ficaram encantadas com o desenho colorido daquelas asas. Uma se atreveu a comentar: “Que abelha mais diferente”; algumas silenciavam tentando entender, outras riram sem nada entender. A borboleta, vendo que aquelas belas flores não sabiam o que ela era foi logo avisando toda sua biologia. Onde já se viu flores que não conhecessem borboletas?

    O jardineiro, muito curioso com o diálogo, se acomodou no gramado e escutou...

(continua)


Sônia Gabriel


Lançamento do livro 'Grandes Escritores do Vale do Paraíba'





Lançamento da obra 'Grandes Escritores do Vale do Paraíba', organizado pelo Professor Alexandre Marcos Lourenço Barbosa. O evento aconteceu, neste sábado, dia 15 de junho, na Casa de Cultura de Lorena, juntamente com a reunião da Academia de Letras de Lorena. 

Algumas imagens da noite de confraternização pelo trabalho sério e motivador do Professor Alexandre Barbosa.

Paz e bem!













J B de Mello e Souza - compositor



Meu coração

J B de Mello e Souza 


Meu coração, não batas agitado
Não mais te aflija intensa comoção
Assaz, já tens sofrido e assaz lutado
Fica tranquilo, altivo coração

Cessa o pesar que te oprimia outrora
Eis alcançada a tua aspiração
Hás de vencer, na decisiva hora
Hás de vencer, altivo coração

Não cedas nunca à dor e ao desalento
Resiste e espera, sem descrer no bem
Como o cristal, que vibra ao sentimento
Meu coração, tu vibrarás também

Meu coração, não temas do futuro
Que o teu esforço não será em vão
Esqueça, agora, o teu passado escuro
Que hás de vencer, altivo coração.



Música - Lorenzo Fernandes
Interpreta - Lia Salgado 



Vale de Livros: Sílvio Ferreira Leite



Capa do livro de Sílvio Ferreira Leite



     Para conhecer mais sobre o autor, visite http://www.flaviamuniz.com/na-varanda.asp, a entrevista está ótima. Vale a pena ler até o final. Em se tratando deste autor, já sabemos antes da primeira página que cada linha vale a pena mesmo. Que venham mais livros, novos enigmas, poderosas reflexões sempre.

      Paz e bem!