sábado, 27 de agosto de 2011

História de Paulo Barja


Paulo, obrigada pela generosidade, a ideia é esta mesmo: COMPARTILHAR.


"Aproveitando o ensejo, seguem abaixo duas contribuições para a lista de histórias/contos/causos. São pequenos contos budistas que gosto sempre de lembrar, envio para compartilhar com todo mundo.
Abraços,
 
            Paulo Barja
 
Dois contos tradicionais do budismo 
1
Um samurai grande e forte, de temperamento explosivo, um dia foi procurar um monge.
- Monge! Ensine-me sobre o céu e o inferno!
O samurai falou daquele jeito porque estava acostumado a ser temido e obedecido.
- O monge, baixinho, olhou para aquele terrível guerreiro e respondeu com o mais completo desprezo:
- Eu, ensinar a você sobre o céu e o inferno? Como você pode ter petulância de querer que eu faça isso? Você está sujo. Seu fedor é insuportável. A lâmina da sua espada está enferrujada. Você é uma vergonha para a classe dos samurais. Saia da minha frente! Não consigo suportar sua presença, você me faz mal!
O samurai ficou furioso. Ficou tão bravo que até tremia de ódio, o sangue lhe subiu ao rosto e ele não conseguia nem falar de tanta raiva. Empunhou a espada, ergueu-a sobre a cabeça e se preparou para decapitar o monge.
- Isso é o inferno - disse mansamente o monge.
O samurai ficou pasmo com a coragem do monge, que oferecia a própria vida para lhe ensinar sobre o inferno! O guerreiro foi, lentamente baixando a espada, cheio de gratidão, subitamente pacificado. E pediu desculpas ao monge.
- E isso é o céu - completou o monge, sempre sereno.
- - - - - - - - - -
2
Tempos depois, o mesmo monge caminhava com seu discípulo. Depois de muito andar, pararam à beira de um rio. Ali viram uma moça que estava parada, olhando pro rio, e não parecia nem um pouco contente. Quando viu o monge e o discípulo, a moça na mesma hora começou a falar:
- Preciso atravessar o rio! Por favor, me ajudem! Esse vestido é novo, ganhei de presente e não posso molhar.
O discípulo ficou chocado com a petulância da moça e já ia puxando o mestre para o outro lado quando este, gentilmente, se aproximou da moça e, fazendo um aceno, pegou-a no colo com delicadeza. Em seguida, entrou no rio e a levou-a no colo até o outro lado. Ela seguiu seu rumo e o mestre, totalmente encharcado, voltou calmamente a caminhar com seu discípulo, que custou a acreditar no que tinha visto.
Depois de uma meia hora, o discípulo finalmente tomou coragem e perguntou:
- Prezado mestre, desculpe, mas não entendo: por que o senhor se sujeitou a isso? Molhou sua roupa e perdeu seu tempo ajudando aquela moça petulante que lhe faltou com o respeito!?
O mestre ficou em silêncio por um tempo. Em seguida, respondeu:
- Eu já nem me lembrava disso. Mas você, pelo contrário: continua carregando a moça até agora."

3 comentários:

Zenilda Lua disse...

Paulo/Sônia

Quero tanto está presente quando todos souberem o porque das coisas!

Que coisa linda de ler Paulo!

Obrigada Sônia
Parabéns pelos trinta e nove que daqui a pouco já beira as flores do rio, do rio do tempo, tempo de magia e delicadeza. Que venham outros trezentos e trinta e nove anos de amizade, partilha, alegria e festejo.

Que Deus continue conduzindo tudo e que a sabedoria, serenidade e conhecimento prevaleçam.

Beijos e Bis
feliz de quem a tem por perto!

Barja disse...

Sônia querida,
desde já, Feliz Aniversário!
Que continue, junto com nossa querida Zenilda (obrigado pela doçura, minha amiga!), nos ajudando a saber mais da terra pra viver mais perto do céu. Afinal, o céu começa na terra...

Mistérios do Vale disse...

Vocês são duas preciosidades.
Agora que já sou pós-balzaquiana, ninguém me segura. Haja papel para tanta ideia. Por isso, preciso tanto de vocês todos. Ideia só nada vale.
Obrigada pela amizade e paciência.
Paz e bem, todos os dias.
Abraços e beijos...