terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Memória 3




No Valeparaibano de hoje (11 de dezembro) Vinícius Novaes, da Coluna Memória, encerra a série sobre os mistérios do Vale do Paraíba. Gentilmente ele faz citação ao nosso projeto de pesquisa. A matéria está muito boa e conta mistérios de Lavrinhas, Areias e Bananal. Vale a pena conferir...

Sônia Gabriel


Fonte: www.valeparaibano.com.br
Acesso em 12/11/2008
Fantasmas do Vale Histórico
Vinícius Novaes

A primeira história da coluna de hoje é um milagre. Diria um milagre romântico. E bem atípico para a época, diga-se de passagem. É o milagre de Nossa Senhora dos Pobres, que aconteceu entre 1880 e 1890.Lá em Lavrinhas, uma bucólica cidade que cresceu às margens do rio Paraíba, Ana Etelvina ia se casar com um homem que estava longe de ser a sua grande paixão. Para acabar com o descontentamento, a mucama que trabalhava diariamente com a moça começou a rezar para a santa.Por incrível que pareça, tudo foi como a vontade da escrava de Ana Etelvina. No dia do casamento, a moça estava linda e triste. Ao vê-la daquele jeito, seu pai a perguntou o motivo da infelicidade. Ela contou e o casamento foi cancelado. "Aquilo era um absurdo para a época. O noivo, todo envergonhado, fugiu da cidade", disse a historiadora Sônia Gabriel. Anos mais tarde, Ana Etelvina casou-se com José Avelino da Silveira, sua grande e verdadeira paixão."O grande mistério é que a imagem desapareceu. Depois de um tempo, a imagem chegou a ser mandada para a Universidade de São Paulo, onde seria restaurada. Desde então, ela nunca mais foi encontrada", contou a pesquisadora.OUTRA FESTA - Essa história é do tempo da escravidão. Conta-se que na fazenda Coqueiros, em Bananal, estava acontecendo uma grande festa para os convidados do Bãrão e da Sinhá. No dia da festa, uma escrava entrou em trabalho de parto na senzala. O caso foi complicado. Ela morreu.A Sinhá, muito aborrecida com o fato, mandou os empregados enterrarem o corpo da escrava embaixo da soleira da porta da cozinha. Porque, de acordo com ela, ali era o lugar da pobre da escrava. Além disso, a Sinhá queria que isso servisse de exemplo para os outros escravos. E decretou que era proibido morrer em dia de festa."Até hoje é preciso pedir licença para a escrava quando for passar da cozinha para o quintal. É uma forma de respeitar a escrava que descansa naquele local", afirmou.FAROL - Agora, feche os olhos e imagine a seguinte situação: você andando de carro por uma estrada bem deserta. À noite. Tudo está bem calmo. Tranqüilo. Lá fora, só o canto da coruja. O céu estrelado e a lua cheia. De repente, um farol surge do nada. Você tenta desviar daquele negócio, mas não consegue. Algo assustador no meio daquela estrada.Foi isso que aconteceu com o seo José e dona Alcina, que seguiam para Areias pela Rodovia dos Tropeiros. O casal via sempre faróis amarelados, que brilhavam intensamente em pontos da estrada. A principal explicação para o acontecimento sobrenatural era um caminhão que circulava pela região do Vale Histórico na época da Revolução de 1932, que carregava fantasmas de soldados mortos no combate."Outra explicação para o fato é de um fazendeiro de Silveiras que teria feito uma promessa de ir a pé até o Santuário Nacional de Aparecida. Só que ele teria morrido antes de pagar a promessa. E até hoje o seu fantasma fica lá à espera de alguém para dar uma carona", contou a historiadora Sônia Gabriel.E parece que o fantasma do senhor ainda continua lá. Ele só vai sair da estrada quando alguém resolver dar uma carona até Aparecida. A propósito, você se habilita?


Escravo 'vive' em caverna na Bocaina São José dos Campos
Até a Serra da Bocaina tem uma história que é de arrepiar...Isso aconteceu há mais ou menos 200 anos. Uma caravana de caçadores, vinda do sul de Minas Gerais, se abrigou em uma das cavernas. Naquela noite estava muito fria e um escravo, meio idoso, estava se queixando de frio. "Deus me acuda... Voumembora se esse frio continuar".O chefe da expedição ordenou que o escravo colocasse um couro de boi nas costas para se aquecer. Ele deitou-se no chão e cobriu o corpo inteiro. No meio da noite, os expedicionários acordaram com gritos assustadores. Quando se levantaram, o escravo não estava mais lá.Tem gente que garante de pé junto que até hoje o fantasma do escravo continua por lá. Às vezes, é possível ouvir aqueles gritos bem horripilantes..."Deus me acuda... Voumembora se esse frio continuar".



Vale do medo
Ter conhecido um outro lado do Vale do Paraíba foi mais do que gratificante. Saber que existem mistérios ainda hoje -- num tempo em que todos pensam com a cabeça da tecnologia -- foi algo surpreendente. Aliás, tão surpreendente como a história de Nhá Ritinha, que ainda permanece viva no imaginário dos mais simples do bairro de Santana, em São José dos Campos.Isso sem falar na lenda do "Homem da Capa Preta", que arrepia os cabelos dos moradores de Jacareí. A "loira da Via Dutra" que põe medo até mesmo nos caminhoneiros mais corajosos. O "corpo seco" do bairro da Pedra Branca, em Taubaté. Ah, lembre-se: se encontrar com um desses por aí, ande com as costas viradas pra criatura, pois ele pode pular em você!Confesso que me diverti bastante com essas lendas. Muito mesmo. Nas minhas longas conversas com a historiadora Sônia Gabriel, autora do livro "Mistérios do Vale" (Jac Editora), bateu aquele medo. Até o timbre da voz mudava quando o assunto era os fantasmas, o farol misterioso na Rodovia dos Tropeiros...Enfim. Ainda bem que os "causos" ainda permanecem vivos na lembrança das pessoas. A riqueza da história, dos detalhes, da imaginação... Tudo é bom. Se é verdade ou não, pouco importa. Neste caso, o mistério vale mais do que a certeza.


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